A EVOLUÇÃO DO PERIQUITO AUSTRALIANO
Fulvio Lucietto
juiz OBJO
A aparência do periquito australiano (Mellopsitacus Undulatus) transformou-se muito desde o início da sua reprodução em cativeiro, na metade do século XIX.
Essa metamorfose ocorreu tanto nas cores quanto na estrutura do pássaro.
Com relação às cores, por exemplo, a criação em cativeiro permitiu a fixação de mutações. Essas mutações também surgiam na natureza mas faziam desses pássaros alvos fáceis para os predadores em função da diferenciação das cores, o que os tornava muito mais visíveis no meio de um bando de pássaros camuflados pela plumagem.
Diferentemente do que ocorria na natureza, onde um periquito mutante era fadado à morte, no cativeiro esses exemplares eram super protegidos e valorizados, justamente pelo aspecto visual diferenciado.
Isso permitiu a identificação e a fixação de várias mutações, que abrangiam diferenciações de cor e desenho de asa, no decorrer desses mais de 150 anos.
Da mesma forma que as variações de cores iam sendo consolidadas através de acasalamentos pré-determinados, simultaneamente uma seleção da forma do periquito também ia sendo feita, tentando-se aprimorar características como tamanho, postura e estrutura das penas.
Esse processo de seleção, após décadas de desenvolvimento, fez com que o atual periquito australiano criado em cativeiro, mais precisamente o Periquito de Exposição tenha se transformado num pássaro muito diferente do exemplar selvagem, inclusive no que diz respeito à estrutura óssea.
Os atuais exemplares têm um tamanho até 30% maior do que os exemplares selvagens e também uma quantidade, comprimento e textura de penas muito mais desenvolvida.
Quesitos estéticos também foram atribuídos à esses pássaros como proporção de medidas entre comprimento total, largura de ombros e forma da cabeça.
No entanto, a grande questão nesse processo todo girou em torno de como se aprimorar efetivamente a forma do periquito. Com relação à genética que determinava as cores e desenhos de asas tudo ficou bem definido, posto que os genes responsáveis por tais mudanças foram identificados e descritos quanto ao seu comportamento hereditário.
E os genes que determinam a forma do periquito? Quais são eles? Como eles se comportam quanto à hereditariedade? Existe uma relação de dominância e recessividade entre características diferentes de um mesmo item, como tamanho de cabeça, por exemplo?
Todas essas questões são ainda uma incógnita e é justamente aí que entra o trabalho do criador.
Na realidade o que se sabe é que essas características são determinadas não pela ação de um único gene, mas pela associação de vários genes. Como essas recombinações gênicas não são de conhecimento da ciência, cabe ao criador identificá-las e perpetuá-las nos seus exemplares. Como fazer isso?
De nenhuma outra forma se não tentativa e erro.
Trazendo tudo isso para a vida prática, o desenvolvimento de um “tipo” ideal de periquito é como um grande quebra-cabeça, aonde você tenta somar as “peças” de modo a que formem o desenho desejado.
No caso do periquito de exposição esse “desenho desejado” é representado por um pássaro que tenha as seguintes características:
1) bom posicionamento de poleiro (que forme um ângulo “quase” que reto em relação à uma linha horizontal imaginária, com uma inclinação máxima de 30°).
2) boa largura de ombros (que faça, subindo a partir do poleiro e visto de frente, um leve desenho em forma de “V”). A largura total dos ombros ser equivalente à aproximadamente 2/3 do comprimento do corpo, medidos “sem” contar a cauda.
3) boa largura facial (subindo a partir dos ombros até a carúncula com uma angulação mínima de modo a NÃO deixar o pescoço evidenciado).
4) boa proporção entre o tamanho da cabeça (medida do topo até a parte mais baixa da gola) e o comprimento total do corpo (no atual “modelo ideal” a medida da cabeça deve ser 1/3 do comprimento total do corpo).
5) penas sedosas e bem assentadas, sem contudo serem curtas.
6) cabeça com profundidade de nuca (distância atrás dos olhos) e cujas penas cresçam, não só para cima, mas também para os lados e até á um ângulo de 45° negativos, medidos a partir de uma linha horizontal imaginária que passe sobre as narinas, de modo a dar à penas da cabeça do periquito, quando olhada de frente, o formato de um “leque” (direcionamento das penas da cabeça).
Quesitos estéticos também foram atribuídos à esses pássaros como proporção de medidas entre comprimento total, largura de ombros e forma da cabeça.
No entanto, a grande questão nesse processo todo girou em torno de como se aprimorar efetivamente a forma do periquito. Com relação à genética que determinava as cores e desenhos de asas tudo ficou bem definido, posto que os genes responsáveis por tais mudanças foram identificados e descritos quanto ao seu comportamento hereditário.
E os genes que determinam a forma do periquito? Quais são eles? Como eles se comportam quanto à hereditariedade? Existe uma relação de dominância e recessividade entre características diferentes de um mesmo item, como tamanho de cabeça, por exemplo?
Todas essas questões são ainda uma incógnita e é justamente aí que entra o trabalho do criador.
Na realidade o que se sabe é que essas características são determinadas não pela ação de um único gene, mas pela associação de vários genes. Como essas recombinações gênicas não são de conhecimento da ciência, cabe ao criador identificá-las e perpetuá-las nos seus exemplares. Como fazer isso?
De nenhuma outra forma se não tentativa e erro.
Trazendo tudo isso para a vida prática, o desenvolvimento de um “tipo” ideal de periquito é como um grande quebra-cabeça, aonde você tenta somar as “peças” de modo a que formem o desenho desejado.
No caso do periquito de exposição esse “desenho desejado” é representado por um pássaro que tenha as seguintes características:
1) bom posicionamento de poleiro (que forme um ângulo “quase” que reto em relação à uma linha horizontal imaginária, com uma inclinação máxima de 30°).
2) boa largura de ombros (que faça, subindo a partir do poleiro e visto de frente, um leve desenho em forma de “V”). A largura total dos ombros ser equivalente à aproximadamente 2/3 do comprimento do corpo, medidos “sem” contar a cauda.
3) boa largura facial (subindo a partir dos ombros até a carúncula com uma angulação mínima de modo a NÃO deixar o pescoço evidenciado).
4) boa proporção entre o tamanho da cabeça (medida do topo até a parte mais baixa da gola) e o comprimento total do corpo (no atual “modelo ideal” a medida da cabeça deve ser 1/3 do comprimento total do corpo).
5) penas sedosas e bem assentadas, sem contudo serem curtas.
6) cabeça com profundidade de nuca (distância atrás dos olhos) e cujas penas cresçam, não só para cima, mas também para os lados e até á um ângulo de 45° negativos, medidos a partir de uma linha horizontal imaginária que passe sobre as narinas, de modo a dar à penas da cabeça do periquito, quando olhada de frente, o formato de um “leque” (direcionamento das penas da cabeça).
7) largura entre a carúncula e as laterais da face onde começam os desenhos ondulados. Essa característica é evidenciada por uma faixa vertical larga sem melanina (amarela, nos periquitos de fundo amarelo e branca, nos periquitos de fundo branco) entre as narinas e as marcas onduladas das laterais da face. O que proporciona essa característica é justamente a direção em que as penas dessa região nascem.
8) as pintas da gola devem ser bem arredondadas e eqüidistantes, e a máscara bem profunda, com uma boa distância do bico.
Certamente agrupar todas essas características num mesmo exemplar não é tarefa fácil !
Acredito que a melhor maneira de fixarmos as características físicas dos periquitos é formando “famílias” (linhas de sangue) que possuam as características desejadas.
Como já comentei anteriormente, as características de “forma” dos periquitos são determinadas pela ação conjunta de vários genes não identificados. Sendo assim, quando você seleciona visualmente essas características nos seus exemplares, a melhor maneira de perpetuá-las é acasalando os indivíduos aparentados e que possuam essas características entre si, formando, após algumas gerações, o que chamamos de “linha de sangue” ou “linhagem”.
Os exemplares oriundos de sucessivos acasalamentos aparentados (consangüinidade) têm uma chance muito maior de passar as suas características físicas, no que diz respeito à “forma”, para os seus descendentes, isso porque, quando você acasalou, lá atrás, os pássaros aparentados e que tinham o “tipo” desejado, entre si, você acabou selecionando aqueles vários genes “desconhecidos” que, em conjunto, produzem a forma desejada.
Para que se obtenham bons resultados nesse processo de seleção é importantíssimo saber identificar quais são essas “características desejáveis” porque esse processo pode também fixar “defeitos”, quando essa triagem não é bem feita.
Daí a importância de participar de exposições, visitar criadores mais experientes, e pesquisar sobre a constante evolução do “padrão” do periquito de exposição, etc.
Sem sombra de dúvidas, ganha-se tempo quando se adquire um exemplar que seja oriundo de uma linha de sangue trabalhada conscientemente por várias gerações.
O caso é que a aquisição de novos exemplares envolve custos que nem sempre são viáveis.
Porém, tenha a certeza que você pode desenvolver as suas próprias linhas de sangue, e que esse trabalho vai ajudá-lo muito mesmo quando você, posteriormente, adquirir novos exemplares para o seu plantel, pois você já terá características sedimentadas nos seus pássaros e que certamente se somarão à nova linha de sangue adquirida.
8) as pintas da gola devem ser bem arredondadas e eqüidistantes, e a máscara bem profunda, com uma boa distância do bico.
Certamente agrupar todas essas características num mesmo exemplar não é tarefa fácil !
Acredito que a melhor maneira de fixarmos as características físicas dos periquitos é formando “famílias” (linhas de sangue) que possuam as características desejadas.
Como já comentei anteriormente, as características de “forma” dos periquitos são determinadas pela ação conjunta de vários genes não identificados. Sendo assim, quando você seleciona visualmente essas características nos seus exemplares, a melhor maneira de perpetuá-las é acasalando os indivíduos aparentados e que possuam essas características entre si, formando, após algumas gerações, o que chamamos de “linha de sangue” ou “linhagem”.
Os exemplares oriundos de sucessivos acasalamentos aparentados (consangüinidade) têm uma chance muito maior de passar as suas características físicas, no que diz respeito à “forma”, para os seus descendentes, isso porque, quando você acasalou, lá atrás, os pássaros aparentados e que tinham o “tipo” desejado, entre si, você acabou selecionando aqueles vários genes “desconhecidos” que, em conjunto, produzem a forma desejada.
Para que se obtenham bons resultados nesse processo de seleção é importantíssimo saber identificar quais são essas “características desejáveis” porque esse processo pode também fixar “defeitos”, quando essa triagem não é bem feita.
Daí a importância de participar de exposições, visitar criadores mais experientes, e pesquisar sobre a constante evolução do “padrão” do periquito de exposição, etc.
Sem sombra de dúvidas, ganha-se tempo quando se adquire um exemplar que seja oriundo de uma linha de sangue trabalhada conscientemente por várias gerações.
O caso é que a aquisição de novos exemplares envolve custos que nem sempre são viáveis.
Porém, tenha a certeza que você pode desenvolver as suas próprias linhas de sangue, e que esse trabalho vai ajudá-lo muito mesmo quando você, posteriormente, adquirir novos exemplares para o seu plantel, pois você já terá características sedimentadas nos seus pássaros e que certamente se somarão à nova linha de sangue adquirida.
Entendendo melhor os Fúlvos
e Corpos Claros
Fúlvio Lucietto
Juiz OBJO
Os "fallows" ou "fúlvos" como são mais conhecidos aqui no Brasil, têm herança genética autossômica recessiva, ou seja, o gêne que determina essa mutação pode ser portado tanto pelo macho quanto pela fêmea, já que ele não ocorre no cromossomo sexual (halossômico).
Vale lembrar que existem três tipos diferentes de fúlvos conhecidos. O "Fúlvo Alemão", que é o que ocorre na maioria absoluta dos exemplares fúlvos que vemos, têm o olho cor de cereja, um vermelho brilhante, bem diferente dos olhos dos exemplares "Inos" (albinos e lutinos). Eles possuem também uma íris branca em torno das pupilas. O corpo é bastante despigmentado, principalmente na parte frontal do peito e as penas apresentam melanina marrom, diferente da melanina preta e da feomelanina (melanina de tonalidade marrom apresentada pelos exemplares Canela). Há também outros dois tipos de fúlvos, o "Fúlvo Inglês", que tem fenótipo (aspecto físico) idêntico ao mutante alemão, só que não possui íris nos olhos, e finalmente o "Fúlvo Escocês", também com a mesma aparência, porém com olhos cereja e íris rosadas.
Uma curiosidade a respeito dos fúlvos, é que a descoberta da existência de tipos distintos de fúlvos se deu por acaso, quando um criador inglês acasalou dois fúlvos visuais e desse acasalamento só nasceram filhotes normais não mutantes, o que o levou a deduzir e posteriormente comprovar através de novos acasalamentos, que os dois fúlvos que ele havia acasalado eram produzidos por mutações provenientes de genes diferentes.
O "Clear-Body" ou "Corpo-Claro", é uma mutação de herança genética halossômica "ligado ao sexo". Ela é produzida por um gene que ocorre no cromossomo sexual (12º par) e portanto não pode ser portado pelas fêmeas, somente pelos machos.
Nas aves, é a fêmea que determina o sexo do filhote, diferentemente dos mamíferos. O gene que determina a mutação Clear-Body é "alelo" do gene que determina o albinismo, ou seja, é uma apresentação em estado diferente do mesmo gene que determina o albinimo. Essa é uma das chamadas séries de "Alelos Múltiplos" que ocorem no periquito australiano.
Normalmente os genes se apresentam em dois estados: Original e Mutante. No primeiro caso, Original ou Selvagem, é como os genes se expressam nos periquitos nativos, (Austrália), e que determinam que o periquito seja Verde Claro, como os periquitos australianos selvagens. No segundo caso, Mutante, o gene mutante apresenta um "defeito" na sua constituição e que acarreta em um aspecto visual diferente no exemplar, chamado "Mutação".
O termo "Alelo Múltiplo" nada mais é do que o nome que se dá á um gene que apresenta mais de uma forma mutante diferente do mesmo gene, além da forma original (selvagem). No entanto, mesmo os estados diferentes de um mesmo gene, apresenta uma relação de dominância e recessividade entre eles.
A mutação Corpo-Claro é determinada por um estado diferente do mesmo gene do albinismo, só que ela é Dominante em relação ao gene "Ino". Portanto, você pode ter por exemplo um macho Corpo-Claro portador de "Ino", e que acasalado com uma fêmea normal não-mutante vai gerar filhotes fêmeas 50% Corpo-Claros e 50% Inos, e filhotes machos normais, sendo 50% portadores de Corpo-Claro e 50% portadores de Ino.
Você pode me perguntar, "mas o Clear-Body não é uma mutação de característica recessiva e ligada ao sexo, como ele pode ser Dominante em relação ao Ino" ? O que ocorre na realidade, é que nenhum gene é "Totalmente Dominante", ou "Totalmente Recessivo", ou até mesmo "Totalmente Codominante". Os genes tem o seu comportamento hereditário determinado sempre em relação à um outro gene equivalente.
Sendo assim, um gene pode ter comportamento de "dominância" em relação à um determinado gene, e comportamento de "recessividade" em relação à um outro gene. É o que ocorre com o gene que determina o Clear-Body. Ele é Recessivo e ligado ao Sexo (halossômico) quando confrontado ao gene Nativo Não-Mutante, e Dominante quando confrontado à sua outra forma de apresentação que é o Ino, (albino ou lutino). Os exemplares apresentam o Corpo despigmentado e as rêmiges (penas maiores das asa) também com uma certa despigmentação.
Assim como no caso dos fúlvos, os Clear-Bodys também se apresentam em tipos distintos como o "Texas Clear-Body" ou Corpo-Claro do Texas, que é a mutação com que temos contato, e da qual se trata a maioria absoluta dos Clears em todo o mundo, o "Clear-Body de Terranoe" e o "Clear-Body de Easley".
TIPOS DE FACE AMARELA
Fulvio Lucietto
juiz OBJO
Primeiramente, o comportamento hereditário de um gene deve sempre ser analisado em relação à um gene equivalente, principalmente quando se trata de uma das séries chamadas de "Alelos Múltiplos", em que o gene apresenta, além do estado selvagem, mais de um estado mutante diferente.
No caso das mutações que produzem o aspecto visual Face-Amarela, embora elas apresentem comportamento hereditário de codominância sobre o azul (que é a forma mais recessiva dessa série específica de alelos múltiplos), são completamente inibidos pela ação do gene selvagem (verde) quando confrontados com o mesmo, o que mostra um comportamento de recessividade em relação ao gene nativo (selvagem).
O Face-Amarela Cobalto Tipo I, tem como característica, além de uma tonalidade mais fraca de amarelo, o fato de o exemplar homozigoto (2 fatores) apresentar a face completamente branca, indistinguível em relação aos exemplares azuis.
O Face-Amarela Tipo II, tem realmente a tonalidade do amarelo mais intensa, além do fato de o exemplar homozigoto (2 fatores) também ter a face amarela (diferentemente dos exemplares do Tipo I), só que o pigmento amarelo se restringindo basicamente à face, sem infiltração pelo corpo.
O que eles chama de "Face-Amarela" Tipo III é a mutação "Australian Yellow-Face", conhecida também como "Golden-Face"ou "Face Dourada".
Os Golden Faces tem a intensidade do amarelo mais forte, das três mutações e também tem como característica a presença de pigmento amarelo restrita à face nos exemplares homozigotos.
Na realidade, todas as mutações que produzem o aspecto visual (fenótipo) face amarela, apresentam um "defeito" na constituição do pigmento amarelo, o que faz com que esse pigmento se apresente em menor quantidade do que nos exemplares selvagens (verdes).
Pois bem, se essas mutações apresentam "defeito" na produção do pigmento amarelo e, portanto uma diminuição na quantidade desse pigmento, não teria sentido dizer que os exemplares que apresentam um gene de verde e um gene de face-amarela (Verde portador de face amarela, sim, é possível usarmos essa denominação) tenha uma maior intensidade na tonalidade do amarelo da face, uma vez que o gene face-amarela diminui a produção de pigmento amarelo, e não aumenta.
Nas exposições aqui no Brasil, os exemplares golden faces heterozigotos (com apenas 1 fator) também são julgados na série face-amarela.
Espero ter colaborado para o esclarecimento das dúvidas!
Grande abraço à todos!
No caso das mutações que produzem o aspecto visual Face-Amarela, embora elas apresentem comportamento hereditário de codominância sobre o azul (que é a forma mais recessiva dessa série específica de alelos múltiplos), são completamente inibidos pela ação do gene selvagem (verde) quando confrontados com o mesmo, o que mostra um comportamento de recessividade em relação ao gene nativo (selvagem).
O Face-Amarela Cobalto Tipo I, tem como característica, além de uma tonalidade mais fraca de amarelo, o fato de o exemplar homozigoto (2 fatores) apresentar a face completamente branca, indistinguível em relação aos exemplares azuis.
O Face-Amarela Tipo II, tem realmente a tonalidade do amarelo mais intensa, além do fato de o exemplar homozigoto (2 fatores) também ter a face amarela (diferentemente dos exemplares do Tipo I), só que o pigmento amarelo se restringindo basicamente à face, sem infiltração pelo corpo.
O que eles chama de "Face-Amarela" Tipo III é a mutação "Australian Yellow-Face", conhecida também como "Golden-Face"ou "Face Dourada".
Os Golden Faces tem a intensidade do amarelo mais forte, das três mutações e também tem como característica a presença de pigmento amarelo restrita à face nos exemplares homozigotos.
Na realidade, todas as mutações que produzem o aspecto visual (fenótipo) face amarela, apresentam um "defeito" na constituição do pigmento amarelo, o que faz com que esse pigmento se apresente em menor quantidade do que nos exemplares selvagens (verdes).
Pois bem, se essas mutações apresentam "defeito" na produção do pigmento amarelo e, portanto uma diminuição na quantidade desse pigmento, não teria sentido dizer que os exemplares que apresentam um gene de verde e um gene de face-amarela (Verde portador de face amarela, sim, é possível usarmos essa denominação) tenha uma maior intensidade na tonalidade do amarelo da face, uma vez que o gene face-amarela diminui a produção de pigmento amarelo, e não aumenta.
Nas exposições aqui no Brasil, os exemplares golden faces heterozigotos (com apenas 1 fator) também são julgados na série face-amarela.
Espero ter colaborado para o esclarecimento das dúvidas!
Grande abraço à todos!
CONSANGUINIDADE
Fulvio Lucietto
juiz OBJO
Hoje em dia é realmente fato que a utilização da consanguinidade, quando aplicada de maneira correta, pode trazer grandes benefícios para um programa de seleção genética consistente. No entanto, há várias maneiras de utilizá-la. A consanguinidade muito próxima, entre pais e filhos, irmãos próprios e até mesmo meio-irmãos não é o método mais utilizado em programas de seleção genética de médio e longo prazo, que visam principalmente o aprimoramento genético consistente. Esses acasalamentos citados, embora possam ser realmente úteis em situações específicas, irão proporcionar, em um curto período a produção de "clones" do indívíduo fundador da linhagem. Esse, certamente não é o principal objetivo de um programa consistente de aprimoramento genético que, como o próprio nome diz, busca sempre "ir além", produzindo a cada geração indivíduos mais elaborados .
Nesse tipo de programa de seleção genética, os acasalamentos mais utiizados são aqueles que abrangem a consanguinidade mais distante, como por exemplo "Tio-Sobrinho", "Avós-Netos" e muito esporadicamente em casos de real necessidade para se perpetuaralgum patrimônio genético "quase" extinto, os chamados meio-irmãos. Não bastasse isso, a consanguinidade mais próxima (pais com filhos, irmãos com irmãos) aumenta em muito a possibilidade de ocorrência das chamadas "homozigoses indesejadas", que nada mais são do que justamente a possibilidade de genes recessivos causadores de problemas físicos, que podem eventualmente estar sendo portados por um determinado exemplar, acabarem por se manifestarem pela ocorrência do confronto gênico que esse tipo de acasalamento propicia em uma porcentagem muito maior.
Em todos esses anos em que venho desenvolvendo as minhas próprias linhas de sangue, pude constatar "na prática", que o tipo de acasalamento consanguíneo que mais oferece bons resultados, no que diz respeito ao aprimoramento genético, e com um risco muito menor de ocorrência de problemas físicos é, certamente, o acasalamento entre "Tio-Sobrinho". Já li artigos sobre a utilização do "in-breeding" (consanguinidade bem próxima), que defende a idéia de que esse sistema seria o "ideal" para se homogeneizar um plantel. Se a intenção for formar um plantel de "clones", acredito que seja pertinente essa afirmação.
No entanto, os grandes criadores da atualidade conseguiram uma consistência extraordinária nas suas linhas de sangue através do "LineBreeding", que é justamente essa consanguinidade mais distante, principalmente entre tios-sobrinhos. Vale lembrar, também, que seguir de maneira intransigente qualquer "fórmula mágica" para se produzir periquitos campeões, seja no processo de seleção genética e até mesmo na criação e manejo, levará qualquer criador bem intencionado ao caminho da "frustração e da amargura".
Nesse tipo de programa de seleção genética, os acasalamentos mais utiizados são aqueles que abrangem a consanguinidade mais distante, como por exemplo "Tio-Sobrinho", "Avós-Netos" e muito esporadicamente em casos de real necessidade para se perpetuaralgum patrimônio genético "quase" extinto, os chamados meio-irmãos. Não bastasse isso, a consanguinidade mais próxima (pais com filhos, irmãos com irmãos) aumenta em muito a possibilidade de ocorrência das chamadas "homozigoses indesejadas", que nada mais são do que justamente a possibilidade de genes recessivos causadores de problemas físicos, que podem eventualmente estar sendo portados por um determinado exemplar, acabarem por se manifestarem pela ocorrência do confronto gênico que esse tipo de acasalamento propicia em uma porcentagem muito maior.
Em todos esses anos em que venho desenvolvendo as minhas próprias linhas de sangue, pude constatar "na prática", que o tipo de acasalamento consanguíneo que mais oferece bons resultados, no que diz respeito ao aprimoramento genético, e com um risco muito menor de ocorrência de problemas físicos é, certamente, o acasalamento entre "Tio-Sobrinho". Já li artigos sobre a utilização do "in-breeding" (consanguinidade bem próxima), que defende a idéia de que esse sistema seria o "ideal" para se homogeneizar um plantel. Se a intenção for formar um plantel de "clones", acredito que seja pertinente essa afirmação.
No entanto, os grandes criadores da atualidade conseguiram uma consistência extraordinária nas suas linhas de sangue através do "LineBreeding", que é justamente essa consanguinidade mais distante, principalmente entre tios-sobrinhos. Vale lembrar, também, que seguir de maneira intransigente qualquer "fórmula mágica" para se produzir periquitos campeões, seja no processo de seleção genética e até mesmo na criação e manejo, levará qualquer criador bem intencionado ao caminho da "frustração e da amargura".
O que esses grandes criadores fazem no que diz respeito ao programa de seleção genética, é sim a utilização do que eu chamaria de "sistema híbrido", onde se desenvolvem efetivamente as linhas de sangue, mas ao mesmo tempo também se busca o aprimoramento das mesmas através do choque de indivíduos que mesmo que não sejam "parentes diretos", são oriundos de linhas de sangue consistentes, que já vem há muitas gerações sendo acasalados na consanguinidade indireta.
Esse processo é diferente do chamado "Out-Crosser", pois o outcrosser é caracterizado por acasalamentos entre indivíduos não aparentados e que também são originários de acasalamentos "aleatórios", sem a utilização da consanguinidade. A razão pela qual a consanguinidade permite a perpetuação de carcterísticas físicas nos exemplares, é pelo fato de que as características físicas são determinadas não pela ação de genes isolados (como ocorre na maioria dos casos na genética que determina as "cores" e os "desenhos de asas" dos periquitos), mas sim pela ação conjunta de vários genes (recombinação gênica), e que são desconhecidos pela ciência.
O que se consegue avaliar, é o resultado que essas recombinações gênicas propiciam, justamente através da criação de exemplares de alta qualidade. O que se faz então, é agrupar esses exemplares em "famílias", formando-se assim as chamadas "linhas de sangue".
Na prática o que ocorre é que, no momento em que você está agrupando esses exemplares em famílias, você também está consequentemente, selecinando essas chamadas "recombinações gênicas" (que produzem os aspectos físicos desejáveis), mesmo sem conhecermos cientificamente "quem são elas" e "como elas agem". Essa prática, ao longo do tempo, geração após geração, é que permite o desenvolvimento de linhas de sangue e de plantéis extremamente consistentes, que atravessam décadas.
Grande abraço à todos.
Esse processo é diferente do chamado "Out-Crosser", pois o outcrosser é caracterizado por acasalamentos entre indivíduos não aparentados e que também são originários de acasalamentos "aleatórios", sem a utilização da consanguinidade. A razão pela qual a consanguinidade permite a perpetuação de carcterísticas físicas nos exemplares, é pelo fato de que as características físicas são determinadas não pela ação de genes isolados (como ocorre na maioria dos casos na genética que determina as "cores" e os "desenhos de asas" dos periquitos), mas sim pela ação conjunta de vários genes (recombinação gênica), e que são desconhecidos pela ciência.
O que se consegue avaliar, é o resultado que essas recombinações gênicas propiciam, justamente através da criação de exemplares de alta qualidade. O que se faz então, é agrupar esses exemplares em "famílias", formando-se assim as chamadas "linhas de sangue".
Na prática o que ocorre é que, no momento em que você está agrupando esses exemplares em famílias, você também está consequentemente, selecinando essas chamadas "recombinações gênicas" (que produzem os aspectos físicos desejáveis), mesmo sem conhecermos cientificamente "quem são elas" e "como elas agem". Essa prática, ao longo do tempo, geração após geração, é que permite o desenvolvimento de linhas de sangue e de plantéis extremamente consistentes, que atravessam décadas.
Grande abraço à todos.
FATOR VIOLETA
Fulvio Lucietto
juiz OBJO
O fator Violeta é uma mutação autêntica e que se expressa na sua plenitude quando ocorre em homozigose (duplo fator) num exemplar Cobalto. Ele tem característica hereditária de Dominância Incompleta, posto que há uma diferença fenotípica discreta entre os exemplares de 1 fator (heterozigotos) e o de 2 fatores (homozigotos). Os exemplares Violetas de 2 fatores tem a coloração mais intensa. Por se tratar de uma mutação com característica hereditária dominante, ela sempre irá alterar o fenótipo (aparência) do exemplar, independentemente da cor que ele tenha.
O gene que produz o violeta promove uma alteração na estrutura das penas, de modo que os espectros de luz que conseguem ser refletidos são apenas os das ondas de luz mais curtas, no caso o da cor violeta. Vale observar que o fator Violeta também irá sempre escurecer a cor do exemplar, muito embora ele seja produzido por um gene completamente diferente e independente do gene que produz o chamado "Fator Escuro". Sendo assim, um exemplar Verde Claro por exemplo, que tenha o fator Violeta, terá uma coloração um pouco mais escura, numa tonallidade intermediária entre o Verde Claro e o Verde Escuro. Da mesma forma, um exemplar Celeste com fator Violeta também terá uma coloração mais escura, intermediária entre o Celeste e o Cobalto.
Em função do fator violeta sempre alterar o fenótipo do exemplar, mesmo quando se apresenta em apenas um fator, não é correto dizer que determinado exemplar "porta" ou "é portador" de violeta. Os genes que podem ser portados são somente aqueles que não alteram o fenótipo do exemplar quando se apresentam em apenas 1 fator, são os chamados "Recessivos", que podem ser "Autossômicos" (quando ocorrem nos cromossomos que não o sexual) ou "Halossômicos" (quando ocorrem no cromossomo sexual).
Não é tão fácil identificar o fator violeta em exemplares que não sejam os Cobaltos, menos ainda nos exemplares das séries verdes, mas com a prática em criar esses exemplares você acaba identificando esse fator em praticamente todas as cores. Existem acasalamentos que produzem 100% de filhotes violetas visuais. Partindo-se do princípio de que o Fator Violeta se expressa na sua plenitude quando ocorre nos exemplares Cobaltos (que associam "ausência de pigmento amarelo" com "1 fator escuro" ), se acasalarmos um exemplar Celeste ("ausência de pigmento amarelo" sem "nenhum fator escuro") com um exemplar Mauva ("ausência de pigmento amarelo" com, "2 fatores escuros") teremos como resultado desse acasalamento 100% de filhotes Cobaltos (tanto machos quanto fêmeas). Pois bem, se associarmos "Fatores Violetas" aos exemplares do acasalamento citado, teremos os seguintes resultados:
O gene que produz o violeta promove uma alteração na estrutura das penas, de modo que os espectros de luz que conseguem ser refletidos são apenas os das ondas de luz mais curtas, no caso o da cor violeta. Vale observar que o fator Violeta também irá sempre escurecer a cor do exemplar, muito embora ele seja produzido por um gene completamente diferente e independente do gene que produz o chamado "Fator Escuro". Sendo assim, um exemplar Verde Claro por exemplo, que tenha o fator Violeta, terá uma coloração um pouco mais escura, numa tonallidade intermediária entre o Verde Claro e o Verde Escuro. Da mesma forma, um exemplar Celeste com fator Violeta também terá uma coloração mais escura, intermediária entre o Celeste e o Cobalto.
Em função do fator violeta sempre alterar o fenótipo do exemplar, mesmo quando se apresenta em apenas um fator, não é correto dizer que determinado exemplar "porta" ou "é portador" de violeta. Os genes que podem ser portados são somente aqueles que não alteram o fenótipo do exemplar quando se apresentam em apenas 1 fator, são os chamados "Recessivos", que podem ser "Autossômicos" (quando ocorrem nos cromossomos que não o sexual) ou "Halossômicos" (quando ocorrem no cromossomo sexual).
Não é tão fácil identificar o fator violeta em exemplares que não sejam os Cobaltos, menos ainda nos exemplares das séries verdes, mas com a prática em criar esses exemplares você acaba identificando esse fator em praticamente todas as cores. Existem acasalamentos que produzem 100% de filhotes violetas visuais. Partindo-se do princípio de que o Fator Violeta se expressa na sua plenitude quando ocorre nos exemplares Cobaltos (que associam "ausência de pigmento amarelo" com "1 fator escuro" ), se acasalarmos um exemplar Celeste ("ausência de pigmento amarelo" sem "nenhum fator escuro") com um exemplar Mauva ("ausência de pigmento amarelo" com, "2 fatores escuros") teremos como resultado desse acasalamento 100% de filhotes Cobaltos (tanto machos quanto fêmeas). Pois bem, se associarmos "Fatores Violetas" aos exemplares do acasalamento citado, teremos os seguintes resultados:
1ª possibilidade - caso um dos exemplares do acasalamento sugerido tenha apenas 1 Fator Violeta, ou seja, "Celeste c/1 fator Violeta X Mauva" ou então "Celeste X Mauva c/1 Fator Violeta"
50% de filhotes Cobaltos (tanto machos quanto fêmeas)
50% de filhotes Violetas com apenas 1 Fator Violeta (Violetas visuais, tanto machos quanto fêmeas)
2ª possibilidade - caso ambos os exemplares do acasalamento sugerido tenham 1 Fator Violeta cada, ou seja, "Celeste c/ 1 Fator Violeta" X "Mauva c/ 1 Fator Violeta" :
25% de filhotes Cobaltos (tanto machos quanto fêmeas)
50% de filhotes Violetas com apenas 1 Fator Violeta (Violetas visuais, tanto machos quanto fêmeas).
25% de filhotes Violetas com 2 Fatores Violetas (Violetas visuais com a coloração muito intensa, tanto machos quanto fêmeas).
3ª possibilidade - um dos exemplares do acasalamento sugerido com 1 Fator Violeta e o outro exemplar com 2 Fatrores Violetas, ou seja, "Celeste c/1 Fator Violeta" X "Mauva com 2 Fatores Violetas" ou então "Celeste c/ 2 Fatores Violetas" X "Mauva c/ 1 Fator Violeta" :
50% de filhotes Violetas com apenas 1 fator violeta (Violetas visuais, tanto machos quanto fêmeas)
50% de filhotes Violetas com 2 Fatores Violetas (Violetas visuais com a coloração muito intensa, tanto machos quanto fêmeas).
4ª possibilidade - ambos os exemplares do acasalamento sugerido com 2 Fatores Violetas, ou seja "Celeste c/ 2 Fatores Violeta" X "Mauva c/ 2 Fatores Violetas" :
100% de filhotes Violetas com 2 Fatores Violetas (Violetas visuais com a coloração muito intensa, tanto machos quanto fêmeas).
Claro que você também pode produzir exemplares violetas visuais a partir de outras recombinações, mas o problema está justamente em identificar a presença do fator violeta em outros exemplares. Nos exemplares Verde Escuros por exemplo, é fácil identificar o fator violeta. Os Verde Escuros com fator violeta tem a coloração mais "queimada" e opaca (além de mais escura também), o que faz inclusive com que muitos criadores os confunda com os Verde Oliva, no entanto são duas colorações bastante distintas, pois o verde Oliva tem a tonalidade de verde mais próxima do Verde Cinza, embora com as retrizes Azuis-marinho. Já vi inclusive, em campeonatos brasileiros, criadores experientes confundirem essas cores.
A melhor maneira de se familiarizar com os efeitos visuais que o fator violeta promove nos exemplares é criando-os mesmo. Com o tempo torna-se bem mais fácil a identificação.
Grande abraço e boa sorte!
Claro que você também pode produzir exemplares violetas visuais a partir de outras recombinações, mas o problema está justamente em identificar a presença do fator violeta em outros exemplares. Nos exemplares Verde Escuros por exemplo, é fácil identificar o fator violeta. Os Verde Escuros com fator violeta tem a coloração mais "queimada" e opaca (além de mais escura também), o que faz inclusive com que muitos criadores os confunda com os Verde Oliva, no entanto são duas colorações bastante distintas, pois o verde Oliva tem a tonalidade de verde mais próxima do Verde Cinza, embora com as retrizes Azuis-marinho. Já vi inclusive, em campeonatos brasileiros, criadores experientes confundirem essas cores.
A melhor maneira de se familiarizar com os efeitos visuais que o fator violeta promove nos exemplares é criando-os mesmo. Com o tempo torna-se bem mais fácil a identificação.
Grande abraço e boa sorte!